Uma síndrome multidimensional relacionada ao processo de estresse adaptativo (isto é, devido a uma efetiva interação com o meio-ambiente, na maioria das vezes o trabalho) com três principais sintomas;
1-Uma espécie de depleção ou exaustão física e mental
2-Uma atitude despersonalizada perante os colegas de trabalho e clientes: exibindo características de cinismo e distanciamento.
3-Um sentimento diminuido de realização pessoal (diminuição do nível de performance)
Há descrições de quadros parecidos desde o Velho Testamento, como, por exemplo, no caso do profeta Elias, famoso por suas vitórias em nome de Deus, confrontado com obstáculos permanentes e tendo sofrido uma grande derrota, foi subitamente acometido por um grande desespero, passando a almejar pela morte e desejando cair em sono profundo. Clérigos de várias gerações denominaram esse tipo de crise de “A fadiga do profeta Elias”. Elias evidenciava os três grandes sintomas de burnout:
-Intenso acometimento emocional chegando a exaustão
-Desapontamento
-Desapego social
A descoberta do Burnout
O termo foi utilizado pela primeira vez em um contexto psicológico-psiquiátrico por H.J. Freudenberger em um artigo de 1974 entitulado “Staff Burnout” (algo como Estafa da Equipe). “ Eu mesmo experenciei esse estado”, admitiu o psicanalista, conhecido como o pai do burnout. Freudenberger trabalhava como psiquiatra em uma clínica para drogadição em Nova York, cuja equipe era composta majoritariamente por jovens voluntários, motivados por idealismo. Ele observou que muitos deles desenvolviam uma diminuição de energia, perda de motivação e compromentimento, que vinham acompanhados por uma ampla variedade de sintomas físicos e mentais. Para nomear esse estado de exaustão que costumava ocorrer cerca de um ano após o começo do trabalho na clínica, Freudenberger escolheu uma palavra que vinha sendo usada coloquialmente para se referir ao abuso crônico de drogas: burnout
Burnout é uma expressão da língua inglesa que significa que algo parou de funcionar devido ao término de sua carga de energia. O termo ficou muito associado ao estresse profissional daqueles que trabalham diretamente com atendimento ao público, como profissionais de saúde, professores, policiais, assistentes sociais etc. Recentemente tem havido intenso debate, pois muito são os que acreditam que a sindrome pode sim ocorrer em outros tipos de profissões.
O fenômeno do burnout tem algumas características regulares sistemáticas:
1-A provisão de serviço ou cuidado pode ser muito exigente e envolvente.
2-A exaustão emocional pode não ser uma resposta incomum a tal sobrecarga.
3-A despersoanlização (cinismo e atitudes negativas) está relacionada com o estresse emocional do trabalho.
4-A falta de realização pessoal no trabalho declina, um primeiro sinal de notável mudança de comportamento.
Fatores relacionados ao ambiente de trabalho: atendimento de grande quantidade de clientes (sobrecarga de trabalho), prevalência de respostas (feedback) negativos dos clientes, escassez de recursos de trabalho (falta de suporte).
Os 12 Estágos do ciclo do Burnout
Freudengerger e North (2006) propuseram um ciclo explicativo contendo 12 fases dos detalhes do processo psicodinâmico do burnout. O modelo começa com expectativas irrealistas, passando pelos estágios fragmentados em uma sequência cronológica descrita a seguir (nem todos precisam estar presentes) :
1-Uma compulsão para se auto-afirmar- São indivíduos que tem uma imagem ideal deles mesmos e passam a trabalhar duro para que os colegas de trabalho reconheçam isso.
2-Trabalham duro para terem a certeza de que são insubstituíveis.
3-Negligenciam suas próprias necessidades- Muita dedicação ao trabalho com sinais de compulsão pelo trabalho (workaholics) como por exemplo diminuição do sono e da alimentação, menos tempo com a família e os amigos.
4-Deslocamento dos conflitos- Eles sabem, de alguma maneira,que suas vidas estão indo pelo caminho errado, mas “preferem” não prestar atenção. Os primeiros sintomas físicos do estresse emergem, como por exemplo dores de cabeça, náusea, dores musculares, particularmente dores lombares, problemas sexuais, distúrbios do sono, perda do apetite, cansaço e sensação de falta de ar.
5-Revisão de valores-Para continuarem a trabalhar duro sem levar em conta suas necessidades básicas (físicas e emocionais), eles preferem evitar o conflito consigo mesmos através do apagamento das próprias emoções (embotamento das emoções).
6-Negação dos problemas emergentes-Intolerância ao contato social com outras pessoas até mesmo em situações triviais. Cinismo, falta de sensibilidade, falta de empatia, agressividade e tendência a culpar os outros costumam ocorrer.
7-Retraimento-Eles isolam a si mesmos e minimizam todo e qualquer contato social. Como perdem o sentido do trabalho, trabalham de maneira autoritária e se apegam as regras.. Podem abusar de substâncias para aliviar o estresse.
8-Mudanças no comportamento-Os colegas de trabalho observam mudanças significativas: profissionais animados e engajados se transformam em pessoas tímidas, amedrontadas, indivíduos apáticos que sentem que não valem nada por conto do excesso de trabalho.
9-Despersonalização- Se sentindo como máquinas, esses indivíduos perdem o contato consigo mesmos e deixam de perceber suas próprias necessidades.
10-O vazio interno se extende de maneira implacável- As pessoas acometidas por esse ciclo tentam superar a sensação de vazio aumentando atividades compulsivas como sexualidade exagerada, compulsão por comida, ou mesmo álcool e outras dorgas.
11-Depressão-Ocorrem sintomas de humor e cognitivos de depressão, como indiferença, falta de esperança, exaustão, negligência em relação ao futuro. A vida perde o sentido.
12-A Síndrome de Burnout-As vítimas do burnout desejam fortemente escapar dessa situação, muitas vezes seguida por fortes pensamentos suicidas. Podem ocorrem colapsos físico e mental, o que exige tratamento médico imediato.
Fonte: Burnout for Experts-Prevention in the Context of Living and Working, Sabine Baher-Kohler,Ed Springer 2013