As atitudes com as quais ilustramos a resiliência do ponto de vista emocional são instrumentos poderosos porque permitem que as pessoas se tornem muito mais eficazes em seus raios de ação. Não é que essas pessoas tenham mais habilidades ou saibam mais do que os outros, elas simplesmente são mais capazes de aplicar o que sabem! O primeiro princípio para conseguir sucesso é acreditar que é possível chegar lá. Pessoas resilientes acreditam que têm, potencialmente, controle sobre suas vidas; elas acreditam que podem, de alguma forma, influenciar uma situação. Pessoas não resilientes, geralmente, não compartilham essa crença e, conseqüentemente, seus esforços para enfrentar o estresse duram menos. Não nos esforçamos para resolver um problema quando não acreditamos que podemos fazer diferença! Quando dizemos que algo é estressante, queremos dizer que nos deparamos com uma fonte de emoções negativas: tristeza, ansiedade, raiva. Emoções negativas, por sua vez, exercem uma poderosa influência sobre a forma com percebemos o problema. Quando experimentamos emoções negativas, facilmente temos a sensação de que não vamos resistir a elas. A depressão, por exemplo, muitas vezes parece que é uma condição permanente e que nada pode ser feito para ajudar a amenizá-la. Embora muita gente se ache indefesa diante de emoções negativas, essa crença não é, necessariamente, verdadeira. É possível, consciente ou inconscientemente, influenciar e transformar estados de espírito negativos em estados de espírito mais positivos. Por exemplo, uma simples atividade física pode elevar temporariamente nosso humor quando nos sentimos estressados. Desafiar racionalmente nossas percepções e pensamentos exagerados é outro método eficaz para melhorar nosso estado emocional. Na verdade, pensar ou agir ficam muito mais fáceis em um estado de espírito melhor. Pessoas flexíveis percebem isso intuitivamente e desenvolvem hábitos e atitudes que as influenciam positivamente mesmo quando elas estão submersas dentro de estados emocionais negativos. Há uma explicação científica de como isso acontece. A Mente Sobre A Matéria As pesquisas em neurociências revolucionaram a nossa compreensão de como o cérebro cria e regula a emoção. Os cientistas costumavam pensar que o sistema límbico, um conjunto de estruturas cerebrais que se localiza no meio do cérebro (acima do tronco cerebral e abaixo do córtex) era totalmente responsável pela produção e gerenciamento de emoções. Estudos recentes sugerem que não é assim tão simples. Embora os impulsos nervosos das emoções se originem no sistema límbico, nossa expressão dessas emoções é regulada pelo córtex pré-frontal, uma estrutura cerebral cortical localizada logo atrás da testa que está associada ao julgamento e à tomada de decisões. A participação do córtex pré-frontal na resposta emocional é uma dos aspectos que separa os seres humanos dos outros animais. Os animais têm pouco controle sobre sua expressão emocional. Quando o sistema límbico de um animal se torna ativado, ele experimentará e agirá em função da emoção resultante. Eles correrão assustados e se esconderão instintivamente, ou ficarão agressivos, por exemplo. Já os seres humanos, por outro lado, são capazes de fazer julgamentos e tomar decisões em relação ao seu estado emocional, e agir em função dessas decisões, mesmo quando essas decisões se oponham ao seu estado emocional. Seres humanos assustados podem avaliar se os seus medos são ou não justificados, e contrariarando seus medos, por exemplo, podem fazer um discurso em público, apesar do medo que possam estar sentindo de possíveis julgamentos negativos. A capacidade das pessoas de mudar a forma como experimentam emoção é importante por dois motivos: primeiro, porque isso significa que as pessoas têm uma capacidade real, ainda que limitada, de lidar com emoções negativas que não servem a propósitos, valores e interesses que elas querem cultivar. Em segundo lugar, porque escolher sair de um ciclo de emoções negativas geralmente é uma boa decisão, que tem uma influência positiva na saúde geral, como abordarei na próxima postagem. Em parte, pessoas resilientes acreditam que podem mudar seus estados de espírito, e adotam continuamente, atitudes nessa direção. Os menos resistentes, em vez disso, costumam ficar presos à desesperança, que pode ser apenas uma distorção de um estado emocional negativo, mas transitório. A boa notícia é que é possível tornar-se mais resiliente. Resiliência significa “capacidade de voltar à forma original depois de ter sofrido uma deformação”. Trata-se portanto de uma propriedade física de alguns materiais. Ser emocionalmente resiliente significa poder “regular a intensidade das emoções" depois de passar por momentos difíceis e estressantes. O estresse pode levar as pessoas a atravessarem uma onda de emoções negativas poderosas que podem incluir raiva, ansiedade e depressão. Algumas pessoas permanecem submersas dentro dessas emoções negativas muito depois de os eventos estressantes terem passado. Pessoas emocionalmente resilientes, por outro lado, são capazes de retornar ao seu estado emocional basal muito mais rapidamente. Atitude Resiliente Como eles fazem isso? Quais características pessoas tidas como emocionalmente resilientes possuem que as tornam mais eficazes na gestão do stress? Pessoas emocionalmente resilientes têm um conjunto específico de atitudes em relação a si mesmas e a seu papel no mundo que as motiva e as capacita a lidar de forma mais eficiente e efetiva com seus pares não resilientes. Especificamente, as pessoas emocionalmente resilientes tendem a: Ter expectativas e objetivos realistas e alcançáveis. Mostrar bom julgamento e habilidades de resolução de problemas. Serem persistentes e determinadas. Serem responsáveis e ponderadas em vez de impulsivas. Serem comunicadoras eficazes com boas habilidades pessoais. Aprenderem com a experiência passada para não repetir erros. Serem empáticas com outras pessoas (cuidando de como os outros à sua volta se sentem). Terem uma consciência social, (cuidar do bem-estar dos outros). Sentirem-se bem consigo mesmas como pessoa. Sentirem-se como se estivessem no controle de suas vidas. Serem otimistas em vez de pessimistas. Ao desenvolver essas crenças positivas, os indivíduos resilientes mantém uma perspectiva flexível, persistem se esforçando e enfrentando os problemas, enquanto os menos resilientes se sentem desmoralizados e desistem. Para se tornar uma pessoa mais resiliente, é necessário trabalhar no cultivo dessas crenças e atitudes para sua própria vida. Falaremos mais sobre como desenvolver essas principais atitudes que apoiem a resiliência mais adiante. Antes disso, no entanto, é importante primeiro entender como é que um conjunto de atitudes simples pode exercer uma influência tão poderosa sobre a vida emocional das pessoas. Muito provavelmente, todos já nos deparamos e tivemos que lidar uma pessoa passivo-agressiva. Esse termo refere-se a uma hostilidade que não é expressa direta ou explicitamente. Pessoas assim encontram maneiras de expressar agressividade indiretamente por meio de um comportamento sabotador. Elas sempre têm desculpas prontas ou propõem uma explicação alternativa e nunca admitem responsabilidade sobre o que está acontecendo. Primeiramente, é importante ressaltar que quando falamos de uma pessoa passivo-agressiva, estamos falando, mais apropriadamente, de um comportamento passivo-agressivo. Esse tipo de comportamento já não é mais considerado um transtorno de personalidade, mas uma estratégia situacional que surge quando uma pessoa está sob estresse ou se sente ameaçada de alguma maneira. Por outro lado, não é tão infrequente encontrarmos pessoas que fazem dessas estratégias um modo de vida. Lidar com uma pessoa passivo-agressiva pode levar a muita frustração. Ela nunca vai se opor a você diretamente e, dificilmente, você conseguirá desmascará-la e sair vitorioso. Aqui vão algumas dicas pra te ajudar a pisar em terra firme e a não entrar nessa areia movediça. Reconhecendo o Comportamento Passivo-Agressivo Aqui vão algumas pistas para te ajudar a identificar as armadilhas e sabotagens mais comuns: 1. Pessimismmo, mau-humor, comunicação negativa e indireta. Eles estão sempre se queixando das coisas que acham que estão erradas e estão sempre mal-humorados. Nunca assumem resposabilidade por nada, são sempre vítimas das situações e têm desculpas pra tudo. Eles podem ser muito combativos e negativos se você quiser abordar um problema de maneira direta e assertiva, levando de forma negativa quase tudo o que você diz. 2. Eles ficam em silêncio, obstruem e sabotam. Quando surge um problema, essas pessoas também costumam ficar em silêncio, mesmo quando possuem uma informação que poderia fazer toda a diferença para resolver a situação. Reter informação é uma forma de manipulação. Eles podem simplesmente se recusar a falar sobre um tópico ou finalizar uma discussão dizendo "Você sempre tem razão”. Trocar informação, fazer parceria, colaborar, comunicar-se abertamente e oferecer apoio serão sistematicamente recusados pelos passivo-agressivos, que adotarão uma postura sabotadora como uma forma de punir você. No fundo eles se sentem incompetentes, mas temem pedir ajudar porque não querem assumir responsabilidades e temem se sentirem controlados. Se você precisar de uma informação específica ou ajuda deles, eles vão dar um jeito de não te ajudar. Eles sabem que podem dificultar seus objetivos e vão se esforçar para encontrar falhas em todas as opções que você oferecer para tentar resolver um problema. 3. Eles negam, esquecem ou procrastinam regularmente. No lugar de reconhecer uma falha em realizar ou fazer algo combinado, eles vão usar muitas desculpas como, "eu esqueci." Eles podem chegar a negar que combinaram algo com você, ou encontrarão muitas explicações para não levar os acordos adiante. Eles , sistematicamente “empurram com a barriga”, adiando suas obrigações, pois sempre consideram que as expectativas sobre eles são injustas, os horários e prazos são sempre vistos como rígidos e impossíveis de cumprir. 4. Eles não têm compromisso real com as regras, que apenas fingem ter aceitado. Pessoas que são passivo-agressivas quase nunca vão se comprometer e dificilmente vão dizer o que realmente pensam ou sentem. Desde o início, eles não concordam com as regras, mas fingem tê-las aceitado e vão se esforçar em boicotá-las posteriormente. 5. Eles vão fazer o trabalho pela metade, ou simplesmente não vão fazer. Quando não querem fazer algo, eles vão dar um jeito de fazer mal feito, de maneira que tenha que ser feito novamente. Ou então vai levar muito mais tempo do que o planejado. Ou será feito, mas sem atenção aos detalhes ou sem preocupação com o resultado final. Eles, obviamente, negarão qualquer responsabilidade sobre a qualidade ruim de seu trabalho e culparão os outros. Eles sempre serão vítimas. 6. Luta entre autonomia e dependência. Pessoas que são passivo-agressivas não expressam seu desejo de autonomia de uma maneira socialmente aceitável. Em vez disso, eles fazem isso de uma maneira obstinada e destrutiva, numa frustrante tentativa de manter a sensação de controle sobre suas vidas e sobre o sentimento de incompetência que os acompanha. Eles geralmente não são explicitamente agressivos e não sabem pedir ajuda, tampouco conseguem ser diretos e honestos quanto a suas inseguranças. Recusam-se veementemente a adotar um comportamentno honesto, colaborativo e assertivo, muito embora algumas vezes se esforcem para passar essa imagem. O que você pode fazer com o comportamento passivo-agressivo Depois de se dar conta que está lidando com alguém assim, o que você pode fazer? 1. Não reaja ao comportamento dele(a). Eles estão buscando uma reação sua a fim de confirmar que o comportamento deles alcançou o impacto pretendido. Se você se irritar com eles, você apenas piorará a situação. Você estará apenas sendo abertamente agressivo e isso também não vai ajudar. Qualquer reação negativa de sua parte vai reforçar o comportamento deles e vai incentivá-los a continuar a agir da mesma maneira. Esta é a parte mais difícil de lidar com uma pessoa passivo-agressiva. 2. Não culpe, nem julgue. Criticar e julgar uma pessoa, quando ela só procurando alguém para se juntar a ela nesse tipo de negatividade, só vai piorar a situação. Não fale sobre a pessoa, não faça fofocas e não diga coisas como: "Bem, você concordou com este prazo, por que não fez, então?” . Isso apenas atrairá você para o mundo de negatividade, negação e sabotagem deles. Se eles não estiverem em uma posição defensiva, eles estarão um pouco mais abertos às suas sugestões. 3. Participe de forma positiva e assertiva. Uma alternativa mais eficaz é se comunicar de forma positiva e assertiva com essa pessoa, com foco nos objetivos específicos ou nas questões em discussão. "Como podemos ajudar a avançar juntos neste projeto?” ou "O que podemos fazer para chegar a uma decisão que funcionará para nós dois?”. Seja inclusivo e assegure-se de que a pessoa se sinta como uma parte importante da decisão ou do esforço para resolver a situação. 4. Seja específico e evoque empatia. Seja o mais específico possível e lembre-os gentilmente sobre como o problema está afetando você, a equipe ou o projeto da empresa. Por exemplo, se você e um amigo estão planejando férias juntos, mas a pessoa não está ajudando a tomar uma decisão final sobre destino, você poderia tentar dizer : "Estou ansioso para viajar com você. Seria muito legal se consegúissemos chegar a um acordo, então, qual desses dois destinos te agrada mais?”. No trabalho, poderia ser algo como: " Sinto que você está ansioso para terminar o quanto antes., Quanto tempo você precisa para terminar? Até segunda-feira seria suficiente para você? Há algo que esteja atrapalhando? Estamos todos ansiosos para trabalhar com você na próxima fase do projeto". 5. Retire-se. Se nada funcionar, talvez você não consiga lidar de maneira eficaz com alguém passivo-agressivo. Nesses casos, para seu próprio benefício e saúde mental, talvez seja melhor diminuir ao mínimo suas interações. Você pode tentar mantêr o relacionamento direcionado a objetivos e situações muito específicas. Se não der certo, tente encontrar estabelecer outras parecerias o mais rapidamente possível. Se você está em um relacionamento com essa pessoa, talvez hora de admitir que esse relacionamento não está oferecendo tantos benefícios como você imaginava. A automutilação pode ser definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio. Esse comportamento é repetitivo, chegando, em alguns casos, a mais de 100 vezes em um período de 12 meses. As formas mais recorrentes de automutilação são cortar a própria pele, bater em si mesmo e queimar-se e em geral as áreas onde são produzidos os ferimentos são os braços, pernas, abdômen e áreas expostas. A automutilação é mais comum nas populações de adolescentes e adultos jovens do que se pensava anteriormente. Embora seja importante avaliar o risco associado de comportamento suicida, a automutilação é geralmente mais usada para lidar com estados afetivos negativos dolorosos (especialmente raiva e depressão) do que propriamente como tentiva de suicídio. Ela seria, então , uma forma de auto-punição, uma maneira de lidar com emoções negativas ou com problemas de relacionamento. Anteriormene, acreditava-se que ela ocorreria somente em casos de transtorno mental grave. Atualmente, os médicos e pesquisadores reconhecem que ela pode ocorrer em uma ampla variedade de indivíduos, que muitas vezes não chegam a receber diagnóstico e tratamento adequados. O tratamento efetivo baseia-se em ajudar o adolescente e seus pais a entender os motivos que o levam a esse comportamento e a aprender estratégias mais saudáveis para lidar com as situações. O tratamento inclui remédios, tratamento psicológico e treinamento de habilidades emocionais. Esse transtorno é cada vez mais comum, tanto que desde 2013, passou a ser reconhecido como um transtorno mental independente. Os médicos estão se deparando cada vez mais com adolescentes que se machucam intencionalmente, mas negam vontade de se matar. Nos Estados Unidos, estudos recentes descobriram que um terço a metade dos adolescentes se envolveram em algum tipo de automutilação, embora estudos mais antigos colocassem a taxa entre 13 a 23%. Esse comportamento é alarmante , não só por causa do perigo óbvio em que o paciente está se colocando, como também pelas dificuldades em verificar se o adolescente estava tentando morrer. Outro problema é que, se deixada sem tratamento, uma parte desse jovens podem evoluir para transtornos mais graves e podem passar a ter coragem de começar a tentar suicídio. Formas mais frequente de auto-mutilação: cortar-se ou queimar-se, bater-se , beliscar-se, bater ou perfurar paredes e outros objetos para induzir dor, quebrar ossos, ingerir substâncias tóxicas e interferir com a cicatrização de feridas. Geralmente começa na metade da adolescência. Os adolescentes que se machucam são muitas vezes impulsivos, envolvendo-se em danos pessoais com menos de uma hora de planejamento. Eles geralmente relatam sensação mínima ou nenhuma dor. Uma vez iniciada, a automutilação parece adquirir características viciantes e pode seja bastante difícil para uma pessoa parar. Alguns estudos indicam que esse comportamento é mais freqüente em meninas do que em meninos, outros estudos indicam que não há diferenças consistentes entre os sexos. Embora seja diferente de tentar suicídio, a automutilação muitas ocorre freqüentemente em adolescentes que, em outras ocasiões, tentaram suicídio ou chegaram a cometer suicídio. Há, portanto, um risco significativo de tentativas de suicídio e suicídio entre adolescentes que tem esse transtorno. Um estudo recente descobriu que 70% dos adolescentes que se automutilam tiveram pelo menos uma tentativa de suicídio e 55 %tiveram várias tentativas. Portanto, os comportamentos não suicidas e suicidas atendem a propósitos diferentes. A automutilação serve mais como punição e para se acalmar com anteriormente mencionado. Alguns adolescentes com quadros mais graves e que chegam a ser internados relatam ferir-se especificamente para parar a ideia suicida ou parar de tentar suicídio. Conseqüentemente, conceituamos o comportamento de automutilação sem intenção suicida como "uma forma mórbida de auto-ajuda”. Acompanhamento médico psiquiátrico individual. Psicoterapia em grupo e individual na abordagem cognitivo-comportamental. Nos casos mais graves, a terapia dialética ensina habilidades emocionais para lidar com essa forma de descontrole dos impulsos: 1-Consciência plena (meditação mindfulness), 2-tolerância ao mal estar, 3-regulação emocional, 4-eficácia interpessoal. Abaixo seis perguntas que poderão estar identificando um portador de automutilação: 1 - Alguma vez você cortou ou fez vários pequenos cortes em sua pele? 2 - Alguma vez bateu em você mesmo de propósito? 3 - Alguma vez queimou sua pele (por exemplo: com cigarro, fósforo ou outro objeto quente? 4 - Você costuma ter esse tipo de comportamento diante das pessoas com quem convive? 5 - Quando praticou alguns dos atos mencionados, você estava tentando se matar? Necessidades Emocionais Básicas das Crianças Muitos adultos com problemas emocionais graves, como os chamados transtornos de personalidade, foram crianças com temperamentos difíceis ou vulnerabilidade emocional que não tiveram suas necessidades emocionais adequadamente identificadas, validadas e atendidas na infância. Dentro desse contexto, torna-se importante educar a população sobre o conceito de necessidades emocionais básicas de todas as crianças. Além de ajudar os pais de maneira geral, isso também pode ajudar pais de crianças com “temperamento difícil” ou “vulnerabilidade emocional” a manterem o foco para ajudarem seus filhos. O que são crianças com vulnerabilidade emocional? São crianças que, mesmo em situações de desconforto aparentemente pequeno, apresentam emoções de grande intensidade e que demoram para “voltar ao normal”. Elas simplesmente nascem com esse temperamento, que algo determinado pela genética. As crianças que nascem com esse tipo de temperamento representam um desafio para muitos pais. Embora as necessidade emocionais básicas das crianças sejam intuitivamente conhecidas pela maioria das pessoas, vale a pena identificá-las, pois as crianças com vulnerabilidade emocional apresentam as mesmas necessidades, porém exigem mais disponibilidade e paciência. Nesse caso, os pais precisam de ajuda para manter o foco no tipo de amor e atenção que precisarão dispensar a seus filhos Muitos adultos com transtornos de personalidade, isto é, com muitas dificuldades de relacionamento e de controle das próprias emoções, foram crianças com temperamento difícil (vulnerabilidade emocional), que não conseguiram ter suas necessidades emocionais adequadamente atendidas. Nessas situações, mesmo sem perceber, os pais podem acabar por aumentar ainda mais essa vulnerabilidade emocional, contribuindo para o surgimento de problemas emocionais na vida adulta. As 5 principais necessidades emocionais universais das crianças e algumas maneiras de satisfazer adequadamente essas necessidades: Necessidade 01: Necessidade de desenvolver um apego seguro com a figura dos pais ou cuidadores. O apego da criança é um vínculo que já vem determinado pela genética e pelos circuitos cerebrais desenvolvidos na gestação. O apego seguro vai depender da forma e estilo em que os pais oferecem segurança, estabilidade e previsibilidade nos cuidados com o bebê. Além disso, deve haver um nível ótimo de afeto e acalento. É quando os pais colocam as necessidades das crianças em primeiro lugar de maneira segura e moldada ao temperamento daquela criança. Quando atendida de forma satisfatória, esse vínculo faz com que a criança se sinta amada e aceita e fornece um nível alto de proteção contra transtornos mentais graves na vida adulta, porque esse apego seguro estabelece os alicerces, um verdadeiro mapa mental para todas os nossos futuros relacionamentos. Dependendo da forma como esses vínculos iniciais acontecem, vamos desenvolver a forma enxergar e nos relacionar com as outras pessoas. Problemas nessa área podem predispor a medo de abandono e rejeição, desconfiança excessiva, etc. Necessidade 02: Desenvolver capacidade de expressar espontaneamente suas emoções, para conseguir controlá-las. Os pais devem ser capazes de reconhecer e agir em sintonia com as necessidades e emoções da criança. Quando conseguem fazer isso bem, a criança se torna capaz de expressar sentimentos espontâneamente e os pais conseguem lidar com as emoções de seus filhos sem demonstrar raiva e descontentamento excessivo muito frequentemente. Para ajudar os filhos com essas necessidades os pais precisam evitar expectativas exigentes de como deveria ser o temperamento do bebê ou da criança e aceitar a forma ela reage, tentando acolher suas reações emocionais. É como se os pais dissessem para criança que entenderam porque elas estão reagindo daquela forma e que, além de tentar resolver o problema, vão ajudar a controlar o desconforto das emoções negativas que a criança experimenta. Isso não é feito só compalavras, mas principalmente por meio de gestos e atitudes. A mãe e a criança estão bem sintonizados uma com o outra, através do olhar, a mãe está atenta ao que o bebê quer lhe “dizer”. Dessa forma o cérebro do bebê vai entendendo quem ele é e formando uma imagem positiva de si mesmo. Quando essa necessidade é bem atendida, as crianças tem maiores condições de virem a controlar e regular melhor suas emoções ( capacidade de regulação emocional). As crianças passam a confiar na sua própria capacidade de lidar com emoções negativas. Necessidade 03: Conseguir brincar livremente, de forma espontânea. As brincadeiras são fundamentais para para o desenvolvimento cerebral das crianças, principalmente as brincadeiras não-estruturadas. Muitas crianças hoje em dia estão sobrecarregadas com atividades extra-curriculares, como esportes e jogos muito cheios de regras e organização. As brincadeiras não-estruturadas permitem que a criança assuma o controle. Os pais observam com curiosidade o que a criança está fazendo, podem fazer comentários, podem dizer como estão percebendo as emoções da criança, mas permitem que as crianças assumam “a liderança”. A espontaneidade no brincar é uma ferramenta crítica para desenvolver o hemisfério direito do cérebro, que está relacionado com habilidades visou-espaciais ( se localizar bem no espaço, ter uma boa percepção e agilidade visual), bem como com a criatividade. Essas brincadeiras também ajudam a desenvolver a capacidade de se relacionar socialmente com reciprocidade, levando em conta as necessidades do outro. Quando os pais deixam criança brincar espontaneamente sem querer ditar regras, eles estão também dizendo para seus filhos que eles são importantes que o que eles fazem é interessante. Os pais que fazem isso bem, geralmente vão apenas acompanhando e comentando o que as crianças estão fazendo, ensinam as crianças a não serem tão críticas consigo mesmas e com os outros, a serem mais tolerantes e que há várias formas de fazer coisas e estar no mundo. Necessidade 04: Desenvolver um senso de autonomia e independência. É preciso encorajar a criança a explorar o mundo e descobrir seus potenciais; a se sentir capaz de superar seus limites. É importante conseguir experimentar um pouco de medo e perigo. Deve haver um equilíbrio para não ser nem negligente, nem superprotetor. Ambas as atitudes prejudicam o senso de autonomia e independência e pode predispor a transtornos de ansiedade e falta de resiliência na vida adulta. Encorajar independência e o prazer de fazer e terminar suas tarefas é uma parte importante do crescimento e da resiliência, que é a capacidade de lidar com as adversidades da vida. Necessidade 05: Regras e limites apropriados fornecem uma base sólida para a formação de uma imagem realista de si mesmo, o seja, da própria identidade, além de desenvolver a capacidade de lidar com a complexidade do mundo e sua diversidade de pessoas. Limites protegem as crianças de se tornarem arrogantes e desrespeitosas. Nesse processo, é importante estabelecer princípios e comportamentos aceitáveis, mas a ideia não é envergonhar a criança ou puní-la. Regras e limites devem sempre estar a serviço das próprias crianças, e não da intolerância dos pais. Eles servem para guiar as crianças para desenvolver seus próprios princípios éticos. Trata-se muito mais do que ajudar a criança a distinguir o certo e o errado, mas de entender e respeitar os limites e necessidades do outro. Atualmente percebe-se que as crianças anseiam por limites que possam guiá-las e deixa-las seguras. As regras também não dever ser tão rígidas, a ponto de as crianças priorizarem regras em detrimento de colaboração e crescimento. Problemas que observamos em adultos com vulnerabilidade emocional ou traumas e que não tiveram essas necessidades adequadamente atendidas: personalidade Dependente (não faz nada sozinho), Obsessiva (cheio de regras), Narcisista (acha que é o cnetro do universo), Histriônico (é o centro das atenções), Borderlline (caldeirão de emoções), Esquizóide (se isola do mundo), Anti-Social (o mundo é dos espertos), Paranóide ( todos querem me prejudicar), etc. Estima-se que 180 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo inteiro. No Brasil o número pode chegar a aproximadamente 13 milhões. A Organização Mundial de Saúde prevê que a depressão será a principal causa de incapacidade em 2030. A depressão acarreta prejuízos econômicos, incluindo pessoas que não conseguem retornar ao trabalho, conflitos familiares, perdas na qualidade de vida, isolamento social, maior incidência de doenças físicas, podendo levar ao pior dos desfechos: o suicídio. Embora existam diversas formas de tratamento, como diversas formas de psicoterapia e tratamentos medicamentosos, sabe-se que, mesmo em países desenvolvidos, não há recursos para oferecer acesso ao tratamento a todos os que precisam. Nesse contexto, educar a população quanto ao ciclo de manutenção da depressão e como abordar e ajudar pessoas com depressão torna-se ainda mais importante. O Ciclo de Manutenção da Depressão: Pessoas deprimidas isolam-se e desinteressam-se das atividades do seu dia-a-dia. Muitas referem perder a motivação em atividades que gostavam de fazer. Quanto mais elas se isolam e deixam de fazer o que faziam antes ou passam muito tempo inativas, menos energia e mais cansaço elas sentem. Consequentemente, mais aumentam os sentimentos de inutilidade e de culpa, mais aumentam os pensamentos negativos que, por sua vez, pioram a inatividade e isolamento, reforçando o ciclo. Um erro frequente que cometemos quando queremos ajudar pessoas com depressão é tentar convencê-las a fazer as coisas que faziam antes, exatamente da forma como costumavam fazer quando não estavam deprimidas. Para ilustrar, podemos recorrer à imagem de alguém com um saco de cimento de 50 Kg nas costas e com um óculos cinza que distorce toda a visão da pessoa deprimida e só permite que ela veja os aspectos negativos (fenômeno chamado de atenção seletiva). Se nos imaginarmos nessa situação, fica mais fácil percebermos como pode ser difícil para essa pessoa retomar tudo o que lhe dava prazer e realização. A ativação comportamental nada mais é do que ajudar o paciente a voltar a fazer atividades que lhe davam prazer e realização em pequeníssimas doses, como se fossem pequenas pílulas de prazer, atividade e realização, em doses tão pequenas que mesmo o saco nas costas e a lente cinza não atrapalhem muito. Essa forma de tratamento é bastante eficaz para depressão de leve a moderada e pode levar a menos recaídas em 2 anos, quando comparado a pessoas que só tomam medicação. Isso pode ser feito em algumas etapas: 1-Primeiramente ajudamos o paciente a monitorar suas atividades e a perceber o quanto está se isolando e se retraindo. Usamos um quadro de atividades, que se parece com uma agenda semanal 2-Depois ajudamos a relembrar tudo o que fazia antes de ficar deprimido e que trazia algum prazer ou senso de realização. Levamos o paciente a fazer exercícios de imaginação para conseguir se lembrar de seus bons momentos. 3-Em seguida, ajudamos a quebrar essas atividades em pedaços bem pequenos, de modo que a pessoa seja levada a concordar que seria possível levá-los adiante. A idéia é que no lugar de desistir da atividade, podemos pensar em uma pequena parte dela ou em algo mais simples que ainda é possível fazer. Assim o paciente evita um erro de pensamento chamado tudo-ou-nada (ou pensamento dicotômico). Podemos dar vários exemplos de que sempre é possível simplificar uma atividade. Sempre há algo que pode ser feito. 4-Nesse processo ajudamos os pacientes a lidar também com outros pensamentos negativos que surgem como obstáculos e que fazem com que tendam a não acreditar ou a minimizar experiências que pareçam tão insignificantes. Podemos dar exemplos de alguns pensamentos negativos frequentes em pessoas com depressão: filtro negativo, descontando o positivo e visão em túnel). 5-Os pacientes podem dar notas à essas atividades enquanto eles as estão fazendo. Isso permite que eles retirem, aos poucos, os óculos cinzas que só deixam que percebam coisas negativas. Aumentos gradativos das notas vão mostrando para o paciente que ele está melhorando. Gradualmente, vamos ajudando os pacientes a reverter o ciclo da depressão. Podemos recorrer a imagens de pequenas "pílulas de prazer"e "pílulas de satisfação", que ajudam os pacientes a questionar a idéia de que primeiro precisam voltar a sentir motivação e energia para depois retomar as suas atividades. Assim, eles podem se dar conta que, se retomarem gradualmente a fazer coisas que lhes davam prazer e realização, eles voltarão a sentir energia, motivação e alegria. Tudo isso precisa ser feito com muita paciência, gentileza e cordialidade. Esses princípios, se adequadamente explicados e simplificados, podem ser de muita utilidade pública. São os princípios de uma das principais e mais efetivas formas de terapia para depressão. Síndrome do Ninho Vazio: Parceria com os alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC Campinas:22/6/2017 Adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade-TDAH- (assim como aqueles que não têm o diagnóstico, mas que também têm problemas para se concentrar, enfrentam muitos desafios profissionais. Um dos mais difíceis e urgentes são as reuniões no trabalho.
Segundo Kathleen Nadeau, PhD e autora do livro TDAH no Trabalho, num contexto de uma reunião, a maioria dos portadores de TDAH adota uma atitude passiva, do tipo “vou apenas comparecer e ver o que acontece”, o que normalmente resulta em ineficiência e tédio. Mas há maneiras de tornar essas reuniões produtivas até mesmo para os mais facilmente distraídos. Aqui vão algumas dicas: 1- Fazer algum tipo de atividade física antes da reunião Fazer algo físico acorda seu cérebro, ajudando você a se concentrar. Você não precisa ir à academia. Existem várias alternativas como subir e descer escadas em um ritmo acelerado ou dar algumas voltas ao redor do edifício. Outras possibilidades incluem ouvir música, fazer algo que você gosta ou simplesmente visualizar uma atividade prazerosa, como surfar em uma praia. Tudo isso antes da reunião pode ativar seu cérebro! 2-Coma alimentos ricos em proteínas Coma alimentos ricos em proteínas como nozes, queijo, peru, frango, carne ou iogurte antes da reunião. Beba um shake de proteína ou um milk shake. 3-Esteja em dia com sua medicação Se você estiver tomando medicação, certifique-se de que o efeito vai durar até o fim da reunião. Por exemplo, se o efeito de sua medicação se esgotar no horário do almoço e sua reunião for mais tarde, não esqueça de levar uma dose extra com você. Leve sempre em conta que a reunião pode atrasar! 4-Escolha com cuidado onde vai se sentar Para manter minimizar as distrações, escolha um assento longe de uma janela ou da porta de entrada. O melhor lugar é em frente `a caixa de som ou auto falante principal. Durante a reunião, tente manter o olhar sempre em direção `a caixa de som. Isto diminui as distrações visuais. 6-Considere a possibilidade de tomar notas Tomar notas ajuda algumas pessoas a permanecerem atentas. No entanto, para muitas pessoas com TDAH , isso pode ser uma distração e piorar o desempenho. Veja o que funciona para você. Se você resolver tomar notas, use canetas e papéis coloridos. A tinta preta no papel branco pode parecer chata e, portanto, pode gerar tédio e distração. As cores também podem ajudar a se organizar. 7-Se for permitido, grave a reunião Gravar uma reunião pode ajudar, mas certifique-se de perguntar primeiro se isso é permitido! Quando você se distrai em uma reunião e tenta descobrir onde se perdeu, você pode acabar se perdendo ainda mais. Um gravador com um contador pode ajudar a identificar o ponto em que você se perdeu, isso lhe permite ouvir o trecho mais tarde. 8-Participe ativamente Tente participar da reunião o mais ativamente possível, fazendo perguntas e comentários. Se você ler a pauta com antecedência, você pode preparar seus comentários antecipadamente. Isso pode manter você focado e também reduzir a impulsividade. Você também pode pedir a opinião de outro os participantes acerca de perguntas ou comentários que você está pensando em fazer e, em seguida, avaliar como eles como soam antes de se expor. 9-Não tente controlar completamente sua inquietação Mexer uma caneta, um clipe de papel, uma abotoadura ou uma moedinha pode ser bom. No entanto, tome cuidado! Para os outros, isso pode parecer que você está inquieto e distraído, então o melhor é ser discreto e não fazer barulho. Por incrível que pareça, isso pode ajudar você a se concentrar, estimulando a atividade cerebral! 10-Obtenha suporte de um aliado Peça a um colega confiável para te cutucar ou passar um bilhete se ele vê que você começa a se distrair. Claro, isso só funciona se você se sentir à vontade e tiver uma relação de confiança com esse colega. Pesquisas recentes têm demonstrado que características de personalidade como a abertura para experiências novas e a conscienciosidade são mais importantes para o sucesso pessoal e profissional do que a inteligência formal. Isso é particularmente importante porque essas dimensões podem ser desenvolvidas. Ter esses traços de personalidade desenvolvidos pode levar o indivíduo a ter 04 vezes mais probabilidade de sucesso profissional que pessoas “inteligentes”.
Pessoas abertas à experiência são mais propensas a ser imaginativas, sensíveis aos seus sentimentos, intelectualmente curiosas e procuram a variedade. As pessoas conscienciosas são disciplinadas, obedientes e boas no planejamento futuro. Especialistas em personalidade e performance, acreditam que não seja uma boa estratégia enfatizar a inteligência no processo de aprendizado. A personalidade ajuda mais do que a inteligência. Em termos práticos, a quantidade de esforço que os alunos estão preparados para empregar, e onde esse esforço é colocado, é pelo menos tão importante quanto a inteligência. Alunos com esses traços de personalidade bem desenvolvidos tendem a atingir desempenhos quatro vezes superiores aos alunos que eram simplesmente mais “inteligentes” de acordo com testes de Q. I., conforme indica uma revisão, publicada na revista Learning and Individual Differences, que incluiu dados de dezenas de milhares de estudantes (Poropat, 2014). Para pesquisadores da área da educação o impacto desse estudo sobre a influência da personalidade foi surpreendente e corrobora a valorização do esforço e de diferentes experiências para promover o aprendizado. Outra boa notícia é que a conscienciosidade e a abertura para a experiência podem ser desenvolvidas: a personalidade muda, e pais e educadores podem estimular essas qualidades nos alunos, levando a uma maior capacidade de aprendizagem. Em contrapartida, há poucas evidências de que a inteligência pode ser "ensinada", apesar da popularidade dos aplicativos de "treinamento cerebral”. |
AutorDr. Fábio Fonseca Arquivos
July 2021
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